Igor Cintra • 06/12/2023
06/12/2023O presente artigo propõe uma análise detalhada dos possíveis recursos de Contabilidade Geral contra o gabarito preliminar divulgado pela banca FGV no concurso público de Analista Legislativo (contabilidade) da Câmara dos Deputados, realizada em 3 de dezembro de 2023.
A prova contou com 16 questões de Contabilidade Geral e de Custos e, no meu entendimento, apresentou problema em uma questão e, portanto, tornam sua anulação viável.
Vamos, portanto, para a única proposta de recurso que vislumbrei contra o gabarito preliminar.
(FGV – Analista Legislativo – Câmara dos Deputados – 2023) Em 01/01/2019, uma sociedade empresária adquiriu, por R$200.000, uma van para fazer o transporte de seus funcionários. Nesse momento, foi estimado que a van seria utilizada durante 5 anos e vendida por R$50.000, expectativas que foram mantidas durante os anos seguintes, até 2022.
A sociedade empresária realiza teste de redução ao valor recuperável de seus ativos anualmente, em 31/12, de acordo com o Pronunciamento Técnico CPC 01 (R1) – Redução ao Valor Recuperável de Ativos. Através do teste foram estimados, respectivamente, o valor em uso e o valor justo da van nos anos seguintes, do seguinte modo:
• 31/12/2019: R$172.000 e R$168.000
• 31/12/2020:R$135.000 e R$141.000
• 31/12/2021:R$105.000 e R$108.000
Ainda, as despesas de venda em cada ano são estimadas em R$4.000. Em 01/07/2022 a van foi vendida por R$100.000.
O resultado com a venda da van nessa data foi
(A) R$5.000.
(B) R$8.750.
(C) R$9.500.
(D) R$22.000.
(E) R$23.000.
GABARITO PRELIMINAR: C
Inicialmente vamos calcular o valor da despesa anual de depreciação. Lembro que valor residual de um ativo é o valor estimado que a entidade obteria com a venda do ativo, após deduzir as despesas estimadas de venda, caso o ativo já tivesse a idade e a condição esperadas para o fim de sua vida útil.
Sendo assim, o valor residual do item é de R$ 46 mil (R$ 50 mil de venda menos R$ 4 mil de despesas de venda).
Depreciação Anual = (Custo – Valor Residual) / (Vida Útil)
Depreciação Anual = (R$ 200.000 – R$ 46.000) / (5 anos) = R$ 30.800
Sendo assim, em 31/12/2019 o valor contábil do item será de R$ 169.200, conforme indicado abaixo.
Custo R$ 200.000
( – ) Depreciação Acumulada (R$ 30.800) → ref. a 2019
( = ) Valor Contábil R$ 169.200
Segundo o enunciado em 31/12/2019 o valor em uso e o valor justo da van eram, respectivamente, de R$ 172 mil e R$ 168 mil. Conclui-se, portanto, que nesta data o valor recuperável é de R$ 172 mil, que é o maior valor entre o valor justo menos os custos de venda de um ativo (R$ 164 mil) e seu valor em uso (R$ 172 mil).
Não há, então, que não há necessidade de reconhecimento de perda por desvalorização em 31/12/2019.
Vamos prosseguir com a análise, calculando qual é o valor contábil do item em 31/12/2020.
Custo R$ 200.000
( – ) Depreciação Acumulada (R$ 61.600) → ref. a 2019 e 2020
( = ) Valor Contábil R$ 138.400
Segundo o enunciado em 31/12/2020 o valor em uso e o valor justo da van eram, respectivamente, de R$ 135 mil e R$ 141 mil. Conclui-se, portanto, que nesta data o valor recuperável é de R$ 137 mil, que é o maior valor entre o valor justo menos os custos de venda de um ativo (R$ 137 mil) e seu valor em uso (R$ 135 mil).
Portanto, a entidade deverá reconhecer uma perda por desvalorização de R$ 1.400, de acordo com o seguinte lançamento contábil.
D – Perda por Desvalorização R$ 1.400 ( ↓ Resultado)
C – Perda por Desvalorização Acumulada R$ 1.400 ( ↓ Ativo)
Após este reconhecimento o valor contábil do item, em 31/12/2020, será o seguinte:
Custo R$ 200.000
( – ) Depreciação Acumulada (R$ 61.600) → ref. a 2019 e 2020
( – ) Perda por Desvalorização Acum. (R$ 1.400) → ref. a 2020
( = ) Valor Contábil R$ 137.000
Após o reconhecimento da perda temos que calcular uma nova despesa anual de depreciação para os anos remanescentes.
Depreciação Anual = (Valor Contábil – Valor Residual) / (Vida Útil)
Depreciação Anual = (R$ 137.000 – R$ 46.000) / (3 anos) = R$ 30.333
Vamos calcular o valor contábil do item em 31/12/2021.
Custo R$ 200.000
( – ) Depreciação Acumulada (R$ 91.933) → ref. a 2019 a 2021
( – ) Perda por Desvalorização Acum. (R$ 1.400) → ref. a 2020
( = ) Valor Contábil R$ 106.667
Segundo o enunciado em 31/12/2021 o valor em uso e o valor justo da van eram, respectivamente, de R$ 105 mil e R$ 108 mil. Conclui-se, portanto, que nesta data o valor recuperável é de R$ 105 mil, que é o maior valor entre o valor justo menos os custos de venda de um ativo (R$ 104 mil) e seu valor em uso (R$ 105 mil).
Portanto, a entidade deverá reconhecer uma perda por desvalorização de R$ 1.667, de acordo com o seguinte lançamento contábil.
D – Perda por Desvalorização R$ 1.667 ( ↓ Resultado)
C – Perda por Desvalorização Acumulada R$ 1.667 ( ↓ Ativo)
Após este reconhecimento o valor contábil do item, em 31/12/2021, será o seguinte:
Custo R$ 200.000
( – ) Depreciação Acumulada (R$ 91.933) → ref. a 2019 a 2021
( – ) Perda por Desvalorização Acum. (R$ 3.067) → ref. a 2020 e 2021
( = ) Valor Contábil R$ 105.000
Após o reconhecimento da perda temos que calcular uma nova despesa anual de depreciação para os anos remanescentes.
Depreciação Anual = (Valor Contábil – Valor Residual) / (Vida Útil)
Depreciação Anual = (R$ 105.000 – R$ 46.000) / (2 anos) = R$ 29.500
Por fim, vamos calcular o valor contábil do item em 01/07/2022, data da venda da van.
Custo R$ 200.000
( – ) Depreciação Acumulada (R$ 106.683) → ref. a 2019 a 2020 mais 6 meses de 2022
( – ) Perda por Desvalorização Acum. (R$ 3.067) → ref. a 2020 e 2021
( = ) Valor Contábil R$ 90.250
Podemos, enfim, calcular o resultado com a venda da van.
Resultado = Valor de Venda Líquido – Valor Contábil
Resultado = (R$ 100.000 – R$ 4.000) – R$ 90.250 = R$ 5.750
Como não há esta alternativa entre as apresentadas a questão deve ser anulada.
Caso você tenha alguma dúvida podemos nos comunicar através do fórum do site. Além disso, deixo o convite para que você me siga no Instagram e se inscreva no meu canal do YouTube, onde posto conteúdo de qualidade de forma gratuita.
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Igor Cintra
Igor Cintra é Auditor Fiscal da Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo (ICMS/SP), onde exerce a Fiscalização Direta de Tributos. Possui vasta experiência em concursos públicos, tendo ocupado o cargo de Auditor Fiscal do Município de São Paulo (ISS/SP) e Analista Tributário da Receita Federal do Brasil (ATRFB).
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