Natália Pires • 28/11/2024
A primeira edição do Concurso Nacional Unificado (CNU) está em andamento, e a reintegração dos candidatos que não preencheram corretamente os gabaritos das provas segue gerando polêmica!
O desembargador federal do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, William Douglas, publicou artigo no jornal O Estado de S. Paulo, em que critica a decisão do acordo feito pelo Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos (MGI).
O desembargador afirma que, para um serviço público eficiente e preparado, é necessário, dentre outros, que a seleção valorize o mérito e a competência.
“Um servidor público deve ter atenção aos detalhes e respeito às normas, características que não podem ser negligenciadas logo no início de sua jornada. Foi noticiado um acordo firmando entre MPF, União (Ministério da Gestão e Advocacia-Geral) e Cesgranrio que possibilita a aprovação de candidatos que falharam em cumprir uma regra básica dos concursos públicos: o preenchimento correto do cartão de respostas”, afirmou William Douglas.
Vale lembrar que, como resultado do acordo, 32.260 novos candidatos passam a ter suas provas discursivas ou redações corrigidas. Porém, deste total, apenas 13,4% dos candidatos se enquadram em “sem bolinha”, sendo 4.325 pessoas que não preencheram o tipo de prova no cartão-resposta ou escreveram a frase de segurança.
Os 27.935 candidatos restantes concorrem às vagas para pessoas negras, se encaixando na medida que promove a ampliação do número de correções para cotistas negros equiparando-o ao da ampla concorrência, em conformidade com a Instrução Normativa nº 23.
Segundo o desembargador, o acordo enfraquece o sistema de seleção e desmoraliza toda a estrutura do Estado.
“O caminho para a eficiência e o respeito passa pela valorização das regras e do esforço individual. É preciso preservar a segurança jurídica e os princípios que sustentam o serviço público. Não ajuda em nada mudar as regras no meio do jogo e, ainda que com boas intenções, dar um “jeitinho” para “salvar” candidatos desatentos. Essa é uma “gentileza” equivocada!”, afirmou William.
Por outro lado, William Douglas também reforçou que o CNU é um projeto positivo, que permite ao governo contratar novos servidores para carreiras e órgãos diferentes em um único concurso. O que resulta em economia de despesas para a União e também para os candidatos.
Com isso, o desembargador afirma que a reintegração dos candidatos anteriormente eliminados, tem também um impacto financeiro e logístico significativo, tendo em vista que o cronograma do certame precisou ser alterado.
William conclui afirmando que o esperado é que o acordo “seja revisto o quanto antes para que a confiança nos concursos não seja perdida e para que a busca pela excelência e pela eficiência no setor público não seja tratada como valor secundário”.
Vale lembrar que um grupo de candidatos “com bolinha” entraram na Justiça contra a decisão de reintegração.
Com a reintegração dos candidatos “sem bolinha”, um novo cronograma para o Concurso Nacional Unificado foi divulgado no dia 21 de novembro, data anteriormente prevista para divulgação do resultado final do certame.
Confira, abaixo, como fica o novo cronograma do CNU:
Etapa | Data |
Divulgação dos resultados das provas objetivas para os candidatos incluídos | 25 de novembro de 2024 |
Envio de títulos | 4 e 5 de dezembro de 2024 |
Análise de títulos | 6 de dezembro de 2024 até 10 de janeiro de 2025 |
Divulgação das notas preliminares das provas discursivas e redações | 09 de dezembro de 2024 |
Interposição de eventuais pedidos de revisão das notas das provas discursiva e redações | 9 e 10 de dezembro de 2024 |
Divulgação do resultado dos pedidos de revisão das notas das provas discursivas e redações | 20 de dezembro de 2024 |
Convocação para o procedimento de verificação da condição declarada para concorrer às vagas reservadas aos candidatos negros | 23 de dezembro de 2024 |
Perícia médica (avaliação biopsicossocial) dos candidatos que se declararem com deficiência | 6 a 10 de janeiro de 2024 |
Procedimento de verificação da condição declarada para concorrer às vagas reservadas aos candidatos negros e indígenas | 11 e 12 de janeiro |
Resultado preliminar da avaliação de títulos. | 15 de janeiro de 2025 |
Prazo para interposição de eventuais recursos quanto ao resultado preliminar da avaliação de títulos. | 15 e 16 de janeiro de 2025 |
Divulgação dos resultados preliminares da avaliação da veracidade da autodeclaração prestada por candidatos concorrentes às vagas reservadas para negros e indígenas e da avaliação biopsicossocial dos candidatos que se declararem com deficiência | 17 de janeiro de 2025 |
Prazo para interposição de eventuais recursos quanto aos resultados preliminares da avaliação da veracidade da autodeclaração prestada por candidatos concorrentes às vagas reservadas para negros e indígenas e da avaliação biopsicossocial dos candidatos que se declararem com deficiência | 17 e 18 de janeiro |
Divulgação do resultado dos pedidos de revisão das notas da avaliação de títulos | 11 de fevereiro |
Previsão de divulgação dos resultados finais | 11 de fevereiro |
O CNU oferta 6.640 vagas de níveis médio e superior de formação para 21 órgãos e entidades do Executivo Federal.
As oportunidades estão distribuídas em 8 blocos temáticos, segmentados conforme mostrado abaixo:
Os aprovados no certame receberão salários iniciais que variam entre R$ 5.866,69 (Técnico do IBGE) e R$ 22.921,71 (Auditor Fiscal do Trabalho).
As avaliações foram aplicadas no dia 18 de agosto, em 228 municípios e mais de 2,1 milhões de candidatos se inscreveram. No entanto, segundo o MGI, mais de 40% dos inscritos não compareceram às provas.
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Natália Pires
Formada em Jornalismo pelo UniCEUB. Com experiência na área esportiva pelo DF Esportes, no setor de rádio pela Agência do Rádio, e em redação pela CNI, agora integra o time de redação do Direção Concursos.
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