“Operação contou com 90 auditores”, relembra Auditor da Receita Federal

Muitos sonham em entrar na Receita Federal, mas ainda podem surgir dúvidas sobre a carreira. Qual a função de um Auditor? O que ele exatamente faz? Por isso, convidamos o professor Arthur Leone, que é auditor da RFB há dezesseis anos, para contar fatos e operações que viveu no órgão.

Arthur Leone é natural da Bahia, mas começou a carreira na Receita Federal em Manaus. E, desde então, vivenciou diversos trabalhos interessantes, cenas pitorescas e engraçadas.

A princípio, o professor explica que existem três grandes divisões na Receita Federal: a área previdenciária, aduaneira e fazendária. O prof. Arthur Leone sempre atuou na área fazendária, que cuida da área de tributos internos.

“Gosto de contabilidade, gosto de ficar mergulhado naquelas operações contábeis. O que não significa que você não pode mudar de área”, explica.

Ilha apreendida

Em 2011, uma operação chamou a atenção da mídia por ter culminado na apreensão de uma ilha. O professor Arthur Leone participou da operação e conta que, além da ilha, apreenderam diversos bens como barras de ouro e jet skis.

“Essa apreensão é o clímax da operação. A operação começa lá atrás”, ele conta. “Nós temos um grupo econômico, que envolve várias empresas do ramo químico, e essas empresas estavam sonegando tributos há vários anos”.

Ele narra que, na época, as empresas possuíam um sofisticado sistema de proteção de patrimônio, que envolvia até os familiares dos sócios das empresas. Ao todo, houve a participação de mais de 90 auditores além da participação da Polícia Federal.

Um habitante diferente

Uma situação inusitada ocorreu em uma operação de busca e apreensão. Geralmente, estas operações ocorrem bem cedo pela manhã, por volta das 6 horas da manhã.

E, no meio da busca, foi encontrado um habitante inusitado: um papagaio. Ao final, além da multa pelas sonegações, o verdadeiro morador da casa ainda teve que se explicar ao Ibama.

Ilhas Cayman

Outra operação interessante teve como plano de funda um lindo cenário. Local de festas de celebridades, Arthur Leone conta que “nos deparamos com uma empresa que mantinha um relacionamento com outra empresa nas Ilhas Cayman“.

As ilhas é um local que possui diversos obstáculos para a correta transparência, sendo um foco de operações ilegais tributárias. Nesta investigação, a Receita Federal se deparou com um laranja.

O professor conta um pedaço da entrevista em que perguntou: “Senhora X, sua empresa deu lucro ou prejuízo esse ano?”. E, como resposta, obteve que que “não deu lucro nem prejuízo”.

Ao final, comprovaram que se tratava, de fato, de um laranja.

Operação Teçá

Na área envolvendo a Receita Federal, Arthur Leone relatou que chegaram a um escritório contábil que Escritório de contabilidade que angariava clients prometendo altas restituições no imposto de renda. Ao final, cerca de 1.500 declarações, contribuintes, foram apuradas pela Receita Federal.

“Eu trabalhei com cinco desses contribuintes e o interessante é que havia um Auditor Estadual, um juiz, um piloto de avião“, relatou.

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